segunda-feira, 11 de abril de 2011

A ética

Hoje apresento a última parte de meu texto sobre ética em Sartre. Este é o momento em que visualizamos o todo para entender sua relação com as discussões anteriores. Agora temos elementos suficientes para entender que a teologia procura relacionar a vida com contexto do Reino de Deus. Lugar em que todos somos iguais e importantes. A ética do reino é diferente daquela que a maioria das pessoas entendem ser boa para a vida. Boa leitura.

A ética
Ao afirmar que o ser humano faz-se e que ele não está pronto, Sartre dimensiona que cada um individualmente escolhe sua própria moral. Entretanto, há necessidade de deixar claro que para o filósofo, sempre que alguém escolhe a si, o faz em relação aos demais. Este é o pano de fundo, que define a sua formulação ética.
Erich Fromm, discorrendo a respeito da ética humanista, faz uma distinção  importante entre a ética autoritária e  a humanista. Ele afirma que a primeira  nega a capacidade do homem para saber o que é bom ou mau”.[ FROMM, Erich, p. 22]  O interesse em distinguir uma da outra se dá no sentido de que a ética autoritária segundo Fromm é formal, enquanto a ética humanista é material. Desta maneira a ética autoritária apenas responde à “pergunta do que é bom ou mau principalmente em função dos interesses da autoridade”. [Idem, p. 22]
Pode-se dizer que neste sentido ela é exploradora, apesar dos benefícios consideráveis. Em contrapartida, a ética humanistapara a qualbem’ é sinônimo do que é bom para o homem e ‘mal’ do que é mau para este” [Id. Ibid. p. 28], dá dimensionamento qualitativo à vida.  Fromm considera essa forma de ética como uma ciência aplicada a arte de vive. Descreve que “o homem moderno parece crer que ler e escrever são artes a serem aprendidas, que é preciso estudo considerável para tornar-se arquiteto, engenheiro ou operário especializado, mas que viver é algo tão simples que não requer nenhum esforço em particular para aprender como fazê-lo”. [Id. Ibid., p. 29]
Esta questão proposta por Fromm, ajuda entender o fundamento ético em Sartre, que afirma “nós nos apreendemos a nós mesmos perante o outro, e o outro é tão verdadeiro para nós quanto nós mesmos”. [SARTRE, p. 15] Sua posição refuta a subjetividade de Descartes e de Kant. Estabelece uma conceituação de que o homem se alcança pelo cogito e afirma todos os outros como condição de sua própria existência. A necessidade de considerar o outro é aprendizado que deve ser constante na vida existencial.

Considerações Finais
            Ao aprofundar o texto é possível a partir das conjecturas, entender o porquê da relevância do texto para o estudo da ética.
            Primeiro porque Sartre em sua época desvela um novo ser humano. Um ser que precisa ter esclarecimento e entendimento de sua importância na vida humana, tanto, individual como coletivamente. Segundo, porque ao propor este novo olhar para a vida ele desafia as pessoas a serem livres. Pode-se argumentar que o ser humano é livre. No entanto, para Sartre esta liberdade soa falsa.
            Como ser livre sem consciência do que é a liberdade? Resta então, para o ser humano, rever-se como ser. Nãooutra condição que possa ajudá-lo a viver em um mundo hostil, tenebroso que provoca dor e sofrimento. É necessário entender-se como ser em construção. Pois, quando o ser humano toma consciência de sua própria fragilidade e da importância da livre escolha por efeito da liberdade, ele pode escolher.
            Por fim, o texto mostra que o ser humano se constrói, numa perspectiva social. É impossível para o ser humano viver sem a presença de outros seres humanos. Isso implica que o homem não pode pensar somente em si próprio. Ele se constrói, porque outros interagem com ele.  A ética, sartreana, dimensiona uma ruptura do eu, para dar lugar ao coletivo. Pensar em si também significa pensar no outro.
            As conseqüências de não ver também o todo e de não pensar na coletividade, estava visível no mundo de sua época: o horror e a tragédia que a Guerra provocou.

Notas Bibliográficas
SARTRE, Jean-Paul,, Questão de método, 3ª ed., São Paulo, Nova Cultural, 1987.
SARTRE, Jean-Paul, O existencialismo é um humanismo. 3ª ed., São Paulo, Nova Cultural, 1987.
MOUTINHO, Luiz Damon Santos, Sartre: existencialismo e liberdade. São Paulo, Moderna, 1995.
FROMM, Erich, Análise do homem. São Paulo, Círculo do Livro, ?


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