Hoje apresento a última parte de meu texto sobre ética em Sartre. Este é o momento em que visualizamos o todo para entender sua relação com as discussões anteriores. Agora temos elementos suficientes para entender que a teologia procura relacionar a vida com contexto do Reino de Deus. Lugar em que todos somos iguais e importantes. A ética do reino é diferente daquela que a maioria das pessoas entendem ser boa para a vida. Boa leitura.
Considerações Finais Primeiro porque Sartre em sua época desvela um novo ser humano . Um ser que precisa ter esclarecimento e entendimento de sua importância na vida humana , tanto , individual como coletivamente . Segundo , porque ao propor este novo olhar para a vida ele desafia as pessoas a serem livres . Pode-se argumentar que o ser humano é livre . No entanto , para Sartre esta liberdade soa falsa . Como ser livre sem consciência do que é a liberdade ? Resta então , para o ser humano , rever-se como ser . Não há outra condição que possa ajudá-lo a viver em um mundo hostil , tenebroso que provoca dor e sofrimento. É necessário entender-se como ser em construção . Pois , quando o ser humano toma consciência de sua própria fragilidade e da importância da livre escolha por efeito da liberdade , ele pode escolher . Por fim , o texto mostra que o ser humano se constrói, numa perspectiva social . É impossível para o ser humano viver sem a presença de outros seres humanos . Isso implica que o homem não pode pensar somente em si próprio . Ele se constrói, porque outros interagem com ele . A ética , sartreana, dimensiona uma ruptura do eu , para dar lugar ao coletivo . Pensar em si também significa pensar no outro .
Notas Bibliográficas
A ética
Ao afirmar que o ser humano faz-se e que ele não está pronto , Sartre dimensiona que cada um individualmente escolhe sua própria moral . Entretanto , há necessidade de deixar claro que para o filósofo, sempre que alguém escolhe a si , o faz em relação aos demais . Este é o pano de fundo , que define a sua formulação ética .
Erich Fromm, discorrendo a respeito da ética humanista , faz uma distinção importante entre a ética autoritária e a humanista . Ele afirma que a primeira “nega a capacidade do homem para saber o que é bom ou mau ”.[ FROMM, Erich, p. 22] O interesse em distinguir uma da outra se dá no sentido de que a ética autoritária segundo Fromm é formal , enquanto a ética humanista é material . Desta maneira a ética autoritária apenas responde à “pergunta do que é bom ou mau principalmente em função dos interesses da autoridade ”. [Idem, p. 22]
Pode-se dizer que neste sentido ela é exploradora, apesar dos benefícios consideráveis . Em contrapartida, a ética humanista “para a qual ‘bem ’ é sinônimo do que é bom para o homem e ‘mal ’ do que é mau para este ” [Id. Ibid. p. 28], dá dimensionamento qualitativo à vida . Fromm considera essa forma de ética como uma ciência aplicada a arte de vive. Descreve que “o homem moderno parece crer que ler e escrever são artes a serem aprendidas, que é preciso estudo considerável para tornar-se arquiteto , engenheiro ou operário especializado, mas que viver é algo tão simples que não requer nenhum esforço em particular para aprender como fazê-lo”. [Id . Ibid., p. 29]
Esta questão proposta por Fromm, ajuda entender o fundamento ético em Sartre, que afirma “nós nos apreendemos a nós mesmos perante o outro , e o outro é tão verdadeiro para nós quanto nós mesmos ”. [SARTRE, p. 15] Sua posição refuta a subjetividade de Descartes e de Kant. Estabelece uma conceituação de que o homem se alcança pelo cogito e afirma todos os outros como condição de sua própria existência . A necessidade de considerar o outro é aprendizado que deve ser constante na vida existencial.
Ao aprofundar o texto é possível a partir das conjecturas , entender o porquê da relevância do texto para o estudo da ética .
As conseqüências de não ver também o todo e de não pensar na coletividade , estava visível no mundo de sua época : o horror e a tragédia que a Guerra provocou.
SARTRE, Jean-Paul,, Questão de método , 3ª ed., São Paulo, Nova Cultural, 1987.
SARTRE, Jean-Paul, O existencialismo é um humanismo . 3ª ed., São Paulo, Nova Cultural, 1987.
MOUTINHO, Luiz Damon Santos , Sartre: existencialismo e liberdade . São Paulo, Moderna , 1995.
FROMM, Erich, Análise do homem . São Paulo, Círculo do Livro , ?
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