quarta-feira, 23 de março de 2011

Jean Paul Sartre: O existencialismo é um Humanismo

Por que esta obra é fundamental no estudo da ética?
Jorge Wagner de Campos Freitas

Vamos tratar sobre a visão de ser humano em Paul Sertre em sua obra O existencialismo é um humanismo e responder por que a leitura de tal obra é fundamental no estudo da Ética? Certamente não se pode responder a tal questionamento sem entender a época e o filósofo.
            A obra trata entre outras questões importantes, sobre a liberdade e a responsabilidade advinda da primeira. Não é possível existir liberdade sem responsabilidade. Tal pensamento denota a ética sartreana.
            Sartre discute sua época, convicto de que havia falta de uma ética responsável. Propõe o existencialismo como uma das possibilidades de rever os conceitos de liberdade existentes. Sua época é marcada pelaangústia, pelo desamparo e pelo desespero”. [SARTRE, Jean-Paul, O existencialismo é um humanismo. p. 7] Para discorrermos a respeito e respondermos a questão, propomos analisar as seguintes questões: a concepção existencialista de homem, o homem é plenamente responsável e a escolha de si mesmo.
            Para facilitar vamos desenvolver esta abordagem em algumas partes, sendo esta a primeira. Ela é fundamental para continuar a discussão sobre ética, já começada á algum tempo.

1.         A concepção existencialista de homem (Ser humano)
            O ponto de partida da concepção existencialista de homem, no texto de Sartre é que “o homem existencialista, encontra a si mesmo, surge no mundo e posteriormente se define”. [Idem, p. 6] A questão colocada pelo filósofo é que o ser humano depende de si mesmo e, dependendo de si mesmo ele precisa se construir. Ele nasce como projeto o qual precisa construir a si mesmo, isto é o homem é o que ele projeta para ser.
            O homem descrito por Sartre se produz socialmente, isto é, se constrói não somente enquanto ele próprio, mas, num paradoxo onde ao construir a si mesmo se constrói em coletividade. Ele define o ser humano em certa consonância com o marxismo, cita Marx: “a objetivação seria um desabrochamento, ela permitiria ao homem, que produz e reproduz incessantemente sua vida e que se transforma modificando a natureza, ‘contemplar-se a si mesmo num mundo que ele criou’”. [SARTRE, Jean-Paul. Questão de método, p. 117]    
            Neste sentido o ser humano constrói o seu próprio mundo. Isso é que mostra como o ser humano pode ser definido. Sartre ao fazer tal definição trata de qualificar o que é o homem. Diz, “o homem, tal como o existencialista o concebe, não é passível de uma definição porque, de início, não é nada: posteriormente será alguma coisa e será aquilo que ele fizer de si mesmo”. [O existencialismo é um humanismo. p. 6] Embora diga que não é passível uma definição, acaba definindo que o ser humano é construtor de si mesmo.
            Para Sartre o ser humano “é um projeto que se vive a si mesmo subjetivamente...; nada existe antes desse projeto;...”. [Idem. p 6] O homem diz, ele, “será apenas o que ele projetou ser”. [Idem. p 6] No entanto, faz distinção do que se pensar ser o querer ser, como uma decisão consciente.  A maioria das escolhas que fazemos, não são conscientes. Tais escolhas segundo ele, são espontâneas.
            Não é possível viver sem projetar-se a si mesmo. O projeto presume o conhecimento das coisas que estão à volta do ser humano. Tal conhecimento permite ao ser humano, tomar consciência de si e do mundo. Segundo Sartre o homem “é, antes de mais nada, aquilo que se projeta num futuro, e que tem consciência de estar se projetando no futuro”. [Idem. p 6]

Referências Bibliográficas
SARTRE, Jean-Paul, O existencialismo é um humanismo. 3ª ed., São Paulo, Nova Cultural, 1987.
SARTRE, Jean-Paul,, Questão de método, 3ª ed., São Paulo, Nova Cultural, 1987.

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